Diário 2: Expectativa e realidade da vida

Fiquei feliz com o retorno que tive sobre quem leu o primeiro diário.

Hoje estou meio na bad sabe?

Primeiro estou meio arrependida de ter tomado uma atitude, mas não vou entrar em detalhes, porque eu acho pessoal demais. Essa atitude vai interferir no meu presente e futuro, eu queria ser criança, era mais fácil quando minha mãe decidia as coisas por mim.

Ser jovem adulta é um saco.
É a fase que você já deveria ter terminado a faculdade, ou pelo menos estar cursando... Eu fiz uma grande bosta na minha vida, nunca tive o sonho de entrar na faculdade, também pudera né? Nunca fui incentivada a me profissionalizar em algo, mas sim a trabalhar no que desse dinheiro...
No meu ensino médio, ninguém da família tinha ensino superior (ainda), eu não tive esse "exemplo", e na escola, a gente estuda por estudar, os professores na maioria das vezes só estão alí pra ensinar, não pra orientar... Em todo tempo de colégio, não lembro de um professor perguntar o que eu gostaria de fazer, ou algo do tipo. Entre os alunos, esse tipo de conversa também não existia, é tanto que, menos da metade da minha turma entrou na faculdade.





Quando eu era criança, queria ser a Ivete Sangalo, ela bombava com a música "se eu não te amasse tanto assim", todas as minhas barbies eram cantoras, depois eu sonhava em aparecer na tv. Desanimei quando ouvi que só loiras e magras apareciam na TV.
Encontrei um novo sonho, ser costureira. Minha tia tinha um fabrico e passava o dia costurando, uma vez ela fez um vestido tão lindo pra minha boneca, que eu fiquei apaixonada!
Aos poucos aprendi a cortar e costurar as roupinhas da barbie, até fazia bordado, tinha todo um design envolvido, eu tinha uma caixa de sapato cheia de roupa, e uma sacola estufada de todo tipo de retalho, agulha, tesoura e linha.


...


Minha paixão por moda começou daí, no terceiro ano do ensino médio, entrei num curso de modelagem e costura, aprendi muita coisa, mas não conclui o curso. Adorava moda, mas não tenho jeito pra cortar/costurar, uma pena que percebi tarde demais, depois de fazer mais um curso.
Perdi cerca de dois anos insistindo em algo nada a ver. Nada de faculdade, nada de emprego na área de moda, nada de felicidade. Adoro criar, desenhar, mas a confecção é coisa pra quem tem paixão.

Esse tempo trabalhei como vendedora, secretária, recepcionista, auxiliar administrativo, comi o pão que o diabo amassou, fui humilhada, discriminada, trabalhei de madrugada, fiquei meses sem receber meu salário, senti meu psicológico explodir, me senti depressiva, tive até pensamentos suicidas.
Mas tem que aceitar, isso é normal, ainda sou jovem...


Lembrei daquelas brincadeiras que tinha, que era pra dizer com quantos anos ia casar, se ía ser com um pobre, rico ou milionário, se ia morar num barraco, casa ou apartamento... Eu sempre colocava que iria casar com 22 anos. Eu tenho 22 anos agora, nem sei se quero casar, não tenho um emprego, nem uma profissão.

Gostaria que fosse diferente, gostaria de ter uma mãe parceira pra me ajudar, de um pai presente pra me questionar, de uma irmã amiga com quem eu pudesse contar.


"Eu não sei pra onde vou, pode até não dar em nada..."


Vim me dar conta da confusão da minha vida esse ano, vim decidir sobre a faculdade agora (quer dizer, preciso escolher entre comunicação e design), vim ter expectativa de vida agora, mas me sinto muito desanimada, são muitas as responsabilidades, despesas de casa divididas, os tempos estão muito difíceis... Ainda mais sem trabalhar.

Só me cabe lutar pelo que quero, não adianta esperar dos outros, a mudança que precisa acontecer em mim. Não adianta lamentar pelo que nunca aconteceu, o tempo não volta.


É isso que acontece na vida adulta de um jovem, pobre: Correr atrás, e muito.



Sei que preciso reagir, mas me deixa reclamar um pouco, é o que quero fazer. Reagir é sempre a solução, mas reclamar alivia um pouco essa barra.

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.